Você sabia que, no Brasil, aproximadamente 50% dos resíduos sólidos, podem ser transformados em uma matéria orgânica riquíssima em nutrientes, utilizada na produção de alimentos agroecológicos?

Os resíduos orgânicos, às vezes, conhecidos como “resíduos úmidos”, são a porção que pode ser reutilizada e transformada em adubo orgânico. São compostos por restos de origem vegetal e, também, animal, do que consumimos em nossas casas, assim como, restos de feiras, supermercados e restaurantes, e que costumam ser descartados para a coleta de resíduos na cidade. O destino desses resíduos, na maioria dos casos, não acontece de forma adequada, acabam sendo depositados em lixões a Céu Aberto ou em Aterros Sanitários, cuja manutenção tem custos elevados, além de causar impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente.

E como podemos aproveitar os resíduos orgânicos? Os adubos orgânicos são o resultado do processo da decomposição de restos vegetais e/ou animais misturados, em dada proporção, com resíduos secos, que podem ser as folhas secas, serragem, palha e podas de árvores trituradas. A natureza realiza esse processo naturalmente, por exemplo, nas florestas, onde os restos vegetais e animais se misturam com as folhas secas e troncos de árvores e ao longo do tempo a decomposição ocorre. Quem realiza essa decomposição? Diferentes bactérias e fungos “digerem” esses alimentos produzindo no final o que chamamos de adubo orgânico.

E o que a compostagem tem a ver com isso? Compostagem é um conjunto de técnicas que podemos utilizar para estimular e otimizar o processo de decomposição de resíduos orgânicos. O objetivo é conseguir, em menos tempo, produzir um adubo de qualidade.
A Compostagem foi o tema da Oficina realizada pelo NEA-UABC no Centro Educacional  Comunitário Tabor de São Mateus, SP, em parceria com a Associação de Agricultores da Zona Leste - AAZL. No Tabor existe a formação ‘Qualificação Profissional em Agropecuária”, gerenciado pelo Centro Nossa Senhora do Bom Parto, e possui um sistema de produção de alimentos orgânicos utilizados pelos alunos e alunas. Participaram do evento agricultores e agricultores da AAZL, alunos e alunas da CEC Tabor, além do público da comunidade externa.

A oficina foi ministrada pelo Engenheiro Ambiental e Urbano Victor Hugo Argentino, em parceria com integrantes do Grupo Manacá, que, junto com os participantes, instalaram um sistema de Compostagem Termofílica em Leiras Estáticas de Aeração Passiva, uma técnica desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Catarina. Esse sistema foi elaborado para que os processos de decomposição ocorram com a presença e a circulação de ar mesmo sem a necessidade de revolvimento (por isso Aeração Passiva), exigindo um planejamento na preparação e montagem que facilitam e reduzem o tempo utilizado na manutenção do sistema. Leira Estática é o formato ou design utilizado para a montagem do sistema. É importante citar que existem basicamente dois processos para a decomposição, com e sem a presença de ar (oxigênio - O2).  O processo de decomposição com a presença de ar possibilita a produção de um adubo de melhor qualidade, e, também, minimiza a produção de odores.